terça-feira, 25 de outubro de 2016

NÚCLEOS E REDES PARA O FORTALECIMENTO DA AGROECOLOGIA NO MA


Por: Vivian do Carmo 


O Maranhão é o estado mais rural do Brasil, segundo dados do IBGE (2010), tendo uma população do campo com uma grande diversidade de atores (indígenas, quilombolas, quebradeiras, pescadores, entre outros). Em contrapartida, é o menos desenvolvido economicamente, com cinco municípios com menor IDH do país. A população rural, a alta biodiversidade devido à transição de biomas (Amazônia, Cerrado, Caatinga, manguezais, dunas e restinga) e abundância de águas subterrâneas que poderiam ser o grande potencial do estado, são atualmente suas maiores fragilidades diante da degradação ambiental e social promovido pelo modelo de desenvolvimento adotado pelos governos em todas as esferas.

Rede Agroecológica do Maranhão
Diante deste cenário, a Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) foi criada, em 1998, para fortalecer entidades que vão à contramão deste processo. A Rede por meio de sua carta de princípios reúne organizações do Maranhão que trabalham pela promoção da Agroecologia, sendo uma frente de resistência às ameaças do Agronegócio, lutando pela garantia dos direitos dos agricultores, povos e populações tradicionais em todas as regiões do estado. A RAMA, que em outubro deste ano completa 18 anos, atualmente é composta por 20 organizações: Associação Agroecológica TIJUPÁ, Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão - ASSEMA, Animação Cristã no Meio Rural, Associação Cultural de Educação e Saúde e Agricultura – ACESA em Bacabal, Associação Vencer Juntos em Economia Solidária – Bacabal-MA - AVESOL, Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica – IFMA Campus Caxias, Núcleo de Estudos em Agroecologia IFMA Monte Castelo, CÁRITAS - MA, Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu, Cooperativa de Pesquisa e Assessoria Técnica Cooperativa de Serviços Técnicos, Comissão Pastoral de Terra - MA, Movimento dos Sem Terra - MA, Instituto Sociedade, População e Natureza - MA, IFMA Campus Barreirinha, NEAPO IFMA Campus Maracanã, Curso de Agronomia - Universidade Estadual do Maranhão, Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão, Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - MA, Associação Wyty Catë das Comunidades Timbira do Maranhão e Tocantins, Fórum Carajas, Coosert.  

Como fruto deste esforço de construção coletiva, temos tido exitosas experiências. As mais recentes que podemos citar são a construção de livro de experiências Agroecológica do Maranhão; os Encontros de Lavradores que acontecem anualmente na região do Baixo Munim; Realização de Feiras Agroecológicas em vários municípios, inclusive em São Luís; os intercâmbios entre agricultores agroecológicos; criação de um coletivo de Grupos de Pesquisa em conflitos socioambientais e agrários para Estudos dos impactos do Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA) MATOPIBA; lançamento da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, realização de debates e palestras com o poder público e sociedade civil organizada; proposição de minuta de lei para a política estadual de agroecologia, entre outras.

Os Núcleos de Estudos em Agroecologia (NEA’s) também surgiram para somar na construção das experiências de Educação em Agroecologia. Os NEA’s já ocupavam espaços de resistência dentro das universidades há um bom tempo, seja através de grupos agroecológicos de estudantes (os GA’s), através de grupos de pesquisa liderados por professores agroecologistas e da realização de eventos trazendo a Agroecologia como tema de debate. A formalização desses espaços através da Chamada Pública n. 49/ 2012 e 81/2013 do CNPq promovida pela PNAPLO, que apoiou a implantação e manutenção de Núcleos de Estudos em Agroecologia, incentivou o fortalecimento da construção de uma nova forma de pensar e fazer ciência. No Maranhão tem-se dois NEA’s no IFMA e um na Embrapa Cocais em ação e outros em processo de construção.

 O NEA IFMA – Campus Monte Castelo tem como principal eixo da produção de conhecimento a soberania e a segurança alimentar. E assim tem sido desde 2013, através de metodologias participativas, oficinas e pesquisa-ação o NEA tem buscado produzir conhecimento a partir da realidade local.  E faz a verdadeira ciência, aquela que trabalha em conjunto com as pessoas das comunidades estudadas. A partir dessas pesquisas participativas, os agricultores, que se tornam pesquisadores-experimentadores, passam a refletir sobre suas realidades e a buscar soluções para seus problemas. Gerando, por consequência, novas pesquisas no Núcleo.

O Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica (NEAPO) IFMA – Campus Caxias também criado na Chamada Pública n. 81/2013 e com os mesmos objetivos de criar espaços de pesquisa, discussão e difusão do conhecimento agroecológico em nível local e regional, realizou em dezembro de 2014 o Seminário Maranhense de Agroecologia, com o tema Educação e Ciência em Agroecologia para o Desenvolvimento Sustentável.

O NEA da Embrapa Cocais denominado Rede de Inovação Agroecológica do Maranhão – REMA, é formado por uma rede de cooperação entre pesquisadores e analistas da Embrapa, professores universitários, técnicos dos serviços de ATER, instrutores e estudantes de Casas Familiares Rurais (CFR´s), e de Escolas Famílias Agrícolas (EFA´s).  Em julho do corrente ano, a REMA lançou uma “Plataforma Digital de Conhecimento Agroecológico (Plataforma Agroecológica)”. O objetivo da plataforma é a popularização do conhecimento e informação por meio da cooperação de pesquisadores e analistas da Embrapa, e de professores universitários e técnicos dos serviços de ATER.

Apesar de bons avanços na construção agroecológica no estado ainda precisamos de maiores conquistas e esforços. A conjuntura política atual que favorece o agronegócio através de investimento governamentais no Plano de Desenvolvimento Agropecuário MATOPIBA pode trazer consequências negativas para o nosso projeto de desenvolvimento agropecuário agroecológico. Assim, estamos em alerta e construção constante do campo e da cidade que acreditamos. 

Para saber mais, acesse a página da RAMA no nosso Blog.

Revisão: equipe RENDA

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