segunda-feira, 30 de maio de 2016

APRESENTANDO O NÚCLEO DE ESTUDOS,EXPERIÊNCIAS E PESQUISAS EM AGROECOLOGIA - CE

Buscando ampliar e fortalecer o campo teórico e prático da Agroecologia, foi criado, em 2013, o Núcleo de Estudos, Experiências e Pesquisas em Agroecologia (NEEPA) da Universidade Federal do Ceará (UFC). O NEEPA integra o Programa Residência Agrária (PRA) no Centro de Ciências Agrárias (CCA) e surge a partir do diálogo com movimentos sociais, organizações não governamentais e a parceria com Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) além de somar esforços com a Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia - RENDA.

Oficina com as mulheres do Assentamento Maceió - Março de 2016
O NEPPA tem se afirmado no CCA enquanto espaço de práticas e reflexões críticas sobre os modelos de desenvolvimento agrícola e agrário em disputa no Brasil, optando por fortalecer o projeto de desenvolvimento voltado para a emancipação dos povos do campo historicamente excluídos do trabalho e da terra livre e para construção de um novo paradigma de agricultura em bases agroecológicas.

Além disso, o Núcleo tem criado espaço de diálogo de saberes e conhecimentos comprometido com uma formação crítica de estudantes da graduação (especialmente os estudantes das Ciências Agrárias) e pós-graduação que integram o PRA, de técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e da juventude do campo.

As ações do projeto tem como território o Assentamento Maceió, situado na Zona Costeira do Ceará, que fica a 60 Km de Sede de Itapipoca e a 180 Km de Fortaleza. Possui aproximadamente 1000 famílias distribuídas entre 12 comunidades, constituindo uma área total de 5.844,72 hectares.

As ações do NEEPA-PRA se dão a partir da indissociabilidade da pesquisa, ensino e extensão. O programa conta com o apoio institucional dos seguintes orgãos: MCTE, MAPA, MEC, MPA, MDA e CNPq.

Desde 2013 diversas atividades vem sendo desenvolvidas. Das pesquisas desenvolvidas, cita-se a produção de três dissertações:
  • Mulheres e Agroecologia: possibilidades para sustentabilidade local da comunidade Bom Jesus, Assentamento Maceió-Itapipoca-CE de autoria de Andréa M. Camurça (2013)
  • Tecendo sonhos com fios de resistência: o caso das mulheres rendeiras do Assentamento Maceió, Itapipoca-CE de autoria de Debir Soares Gomes (2014)
  • Avaliação da política de Previdência Social na perspectiva do acesso das trabalhadoras Rurais: estudo de caso da Comunidade Bom jesus, Assentamento Maceió – Itapipoca-CE de autoria de Kélia da Silva Aires (2014)
Para 2016 está prevista a conclusão de uma dissertação que trata dos conflitos e injustiças ambientais que ameaça as práticas agroecológicas do Assentamento Maceió e em andamento estão sendo desenvolvidas uma dissertação de mestrado e três teses de doutorado em pós-graduação interdisciplinar.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

FICHA DE MAPEAMENTO DA REDE NORDESTE DE NÚCLEOS DE AGROECOLOGIA


Companheiros e Companheiras da Agroecologia!


A nossa Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia, a RENDA, vem sendo tecida com a participação coletiva e construtiva dos NEA até aqui presentes, e realiza esforços para identificar e estabelecer laços com outros núcleos de estudos, grupos de pesquisa etc, que trabalham a temática da Agroecologia em nossa região.

Estamos solicitando por meio desta ficha algumas informações a respeito dos NEA, suas atividades de ensino, pesquisa e extensão bem como sua produção científica/tecnológica.

Essas informações serão utilizadas em benefício dos núcleos da nossa rede. Ficamos desde já agradecidos pela disponibilidade e agilidade nas respostas. Estamos na expectativa de colhê-las para a construção do nosso mapeamento regional. Desejamos-lhes um bom trabalho para juntos continuarmos o fortalecimento da RENDA, a Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia.


Saudações agroecológicas! A coordenação.

CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA TER ACESSO À FICHA DE MAPEAMENTO
 

Ficha de Mapeamento


Núcleo Tramas - Reeaja realiza em Fortaleza-CE seminário sobre Saúde e Agrotóxico

 por Luana Lima, do Tramas - Reeaja
bolsista da Rede de Núcleos de Agroecologia do Nordeste-RENDA
Na última quarta-feira, 11 de maio, aconteceu o Seminário Saúde e Agrotóxico, fruto da emergência das comunidades em ter um momento público de discussão sobre a temática que tanto os afeta. O seminário foi organizado pelo mandato É Tempo de Resistência, movimento M21, Núcleo Tramas – Reaaja, Cáritas Diocesana, Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) e Fórum Cearense pela Vida no Semiárido.
Foto 1. Profª Raquel Rigotto, do Núcleo Tramas/UFC, deu as boas vindas aos participantes.
O evento foi rico em debate, no primeiro momento, o professor Wanderlei Pignati trouxe a exposição da pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador-NEAST/UFMT, que traça os impactos na saúde do trabalhador, na população e no ambiente. O pesquisador alertou para os dados que mostram que o setor do Agronegócio é o 2ª colocado em acidentes de trabalho. Não há uso seguro de agrotóxicos para o ambiente e alimentos.



Foto 2. Painel acadêmico-popular com a professora Gizeulda Freitas, do IFCE, Socorro Guimarães,  representante da comunidade do Tomé e Maria Graciete, representante da comunidade do Sítio São José.

Um importante momento foi o painel acadêmico-popular (Foto2), que contou com a presença da representante da comunidade do Tomé, em Limoeiro do Norte, Socorro Guimarães, da professora Mirem Uribe, de Maria Graciete Barbosa do Nascimento, da comunidade do Sítio São José – Tianguá, da professora Raquel Rigotto e da professora Gizeulda Freitas. Apontou-se os casos de câncer, aumento de abortos, crianças nascendo com doenças nas regiões de uso de agrotóxicos.
Foto 3. Roda de conversa sobre as políticas de enfrentamento à pulverização aérea
Durante a tarde ocorreu uma roda de conversa entre os participantes (Foto3), momento de traçar caminhos e estratégias para enfrentar esse modelo de produção do agronegócio, como também para a troca de saberes agroecológicos e para o  compartilhamento das inúmeras experiências de produção imersas na justiça ambiental.


Texto: Luana Lima.
Fotos: Mayara Melo.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O NEPPAG e a Geografia...tecendo redes e Agroecologia.


 Por jaorico@gmail.com


Olê gente rendeira, olê povo RENDA

Saudações, agroecologistas!


Eu que aqui escrevo, o João Ricardo, bolsista do Projeto RENDA-NE, e membro do nosso Núcleo NEPPAG Ayni, quero saudar a todos e todas nesta nossa plataforma de comunicação na rede.


Venho aqui convidar os nossos Núcleos de Estudos em Agreocologia-NEA, parceiros da RENDA, e os seus professores e as suas professoras, a tod@s @s estudantes, os colaboradores e as colaboradoras e o público em geral interessado, para participarem junto conosco da nossa plataforma de comunicação, ajudando a melhorá-la, melhorando assim nossa Rede, a Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia, além de servir como mais um ambiente da  divulgação das atividades que os NEA da Região Nordeste vem realizando e como vem colaborando com o fortalecimento da Agroecologia e seus princípios em escala local, regional, nacional e internacional.


Sendo assim, antes mesmo de escrever algo que envolve as atividades do NEPPAG, quero lembrar que toda semana estaremos (os bolsistas) colocando novas postagens de atividades, eventos, histórias e até mesmo causos que contenham um pouco sobre o dia a dia dos nossos queridos Núcleos de Agroecologia, que seguem parceiros nesta jornada de divulgação e conquista dos espaços com a Agroecologia. Aproveitem para comentar em nosso blog, ajudando a divulgá-lo na internet. Curtam também nossa página nas redes sociais, e participe, você também é um potencial comunicador da Agroecologia.


Bom, feito o chamamento, eu me atrevo a apresentar um pouco o NEPPAG Ayni, o Núcleo de Educação, Pesquisas e Práticas em Agroecologia e Geografia. E para não me estender muito, sigo direto ao assunto.


Como sabem alguns de vocês, o NEPPAG Ayni está situado no Campus da UFPE, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, nas instalações do Departamento de Ciências Geográficas-DCG, 5º andar, sala 503, onde convivem pessoas de diferentes formações e níveis de estudo, num ambiente digno de levar o "Ayni" no nome. Ah, sobre o "Ayni", você pode ver o que significa aqui. O nosso NEA é ainda bem jovem, nasceu em 2014 e foi batizado em 2015, fruto do esforço intelectual colaborativo, do trabalho coletivo e animação da Prof° Monica Cox, representante docente e coordenadora do núcleo, juntamente com alunos e alunas da graduação, pós-graduação em Geografia e áreas afins.


Porém quero chamar atenção para dizer que embora bastante jovem seja o NEPPAG, seus participantes já aportam com suas bagagens e experiências, muitos juntos há alguns anos, outros nem tanto, mas que se souberam articular e integrar. Sinergia! Esta é a palavra que resume o encontro dessa gente, e o NEPPAG Ayni, penso eu, pode ser visto como a materialização desse desejo das pessoas se encontrarem. Ao meu ver, estar junto com a Geografia e a Agroecologia traz para o Núcleo Ayni a possibilidade articulação com vários movimentos sociais do campo e da cidade, com as ONGs que atuam na nossa região, com outras áreas do conhecimento, enfim, com a diversidade de sujeitos e pensamentos que esclarecem, elucidam, e enriquecem a nossa formação.


Assim é que estamos nos movimentando, frente aos meandros e bloqueios que a realidade exige de nós, as parcerias são muito bem vindas e importantes. Podemos citar a participação dos nossos colegas junto à Rede de Agroecologia de Pernambuco, à Rede de Feiras Agroecológicas de Pernambuco, à Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, no #Ocupe Passarinho, nas I e II Jornada dos Povos de Pernambuco, no CONSEA-PE, só para citar alguns ativismos, eventos e participações importantes junto aos movimentos, ocupando espaços diversos, promovendo o debate e a conscientização entre os mais diferentes públicos. A ação coletiva do NEPPAG é o espírito colaborativo impregnado em seus membros, que nos faz mover e adquirir algumas experiências que possam ser compartilhadas e debatidas dentro e fora do grupo. Como geógrafo fico muito à vontade para afirmar que este jovem núcleo, o NEPPAG Ayni, sente-se muito bem acolhido no seio da RENDA, acostumado a lidar com os nós, e deles tecer os fios que vão concetar os nós, formando um tecido flexível e resistente, afim de assegurar o balanço da rede, da RENDA, da Rede Nordeste de Núcleos de Agroecologia.


Sejam tod@s bem vind@s! 

Como andam os Cursos de Graduação em Agroecologia? Reflexão de uma graduanda em agroecologia da UEPB!

Em reunião da RENDA/Neas Pb no Seminário de Pesquisa Participativa/Especialização em Agroecologia/Residência Agrária organizada pelo NERA/UEPB, a estudante do curso de Graduação em Agroecologia Lua leu carta escrita em março de 2015. Primeiramente a carta foi dirigida para  professoras e professores do curso, carta essa que não havia recebido permissão para ser colada na parede do campus... e somente agora foi lida, mais de um ano depois. Referendamos aqui como um documento! Documento esse cheio de vida, com palavras regadas de vivência, inquietações e indagações, elementos chave para a construção do conhecimento!

[...]

Sobre Ser Radical

Momento de leitura da carta para o Curso de Agroecologia UEPB
Não sei se houve, um professor sequer que, nas primeiras semanas de aula, não tenha usado a palavra 'radical'.
 "... mas não devemos ser radicais..." Eles dizem.
Parece que para o senso comum, 'radical' é uma qualidade negativa. E no discurso comum, radical é sempre o outro, e nunca eu mesmo.
Lançando mão do significado comum para essa palavra, a mim me parece que a radicalidade é uma questão completamente relativa.
As minhas escolhas na vida e as minhas opiniões só podem parecer radicais a quem tem escolhas e opiniões diferentes das minhas. Já aos que compartilham meus pontos de vista, as minhas ideias são apenas sensatas.
Não deixo de observar também, que no contexto coletivo da sociedade, radical é quase sempre uma qualidade da minoria.
Os pais que alimentam seus filhos com alimentos industrializados potencialmente cancerígenos não são radicais. Radical é a família que não admite produtos Nestlé em sua mesa.
O sujeito urbanóide que passa 2 horas preso no trânsito, respirando um ar poluído, para chegar ao seu emprego infeliz de 40 horas semanais, é apenas um cara comum. O sujeito bicho-grilo fugido da capital pra viver no meio do mato, plantando seu próprio alimento e tomando banho de cachoeira, é um cara muito radical.
A parturiente guiada cegamente a um parto hospitalar convencional, correndo risco de mais de 50% de ser submetida a uma cirurgia desnecessária, 25% de chance de sofrer violência obstétrica, quase 100% de chance de ser submetida a algum procedimento invasivo e não ter o seu protagonismo respeitado, nunca pode ser chamada de radical. Radical é a mulher que escolhe parir em casa.
O grande latifundiário que enche o bolso de sangue indígena, envenena o solo, esgota a água, derruba a floresta, aniquila a biodiversidade, explora os trabalhadores... é só um rico invejado. Radical é o MST.
Não sei se os calouros de agronomia, ciências agrárias ou engenharia agrícola escutam tantas vezes esse termo quanto eu, estudante iniciante de agroecologia.
Agora, abrindo mão do significado dado pelo senso comum e buscando o significado real da palavra, descobrimos que 'radical' vem de 'raiz'. Logo, facilmente interpretamos que radical é aquele que busca a raiz, enxerga a raiz, ou resolve um problema cortando-o pela raiz.
Desde a Revolução Verde a fome continuou aumentando, chegando hoje a mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo.
Chamamos de agricultura convencional essa que tem exaurido o solo, a água, a biodiversidade e as pessoas no mundo todo. 
Mas por que convencional? Se esse modelo surgiu na metade do século XX e nem sequer atingiu os primeiros 100 anos de idade? Enquanto que os sistemas agroecológicos (mesmo que ainda não existisse esse nome) alimentaram a humanidade ao longo de pelo menos 10 mil anos. 
O agronegócio se alastrou pelo mundo tão rapidamente, não porque fosse mais eficiente que os modelos milenares, mas porque ele aplica não somente as tecnologias originadas nas grandes guerras mundiais, mas também a mentalidade da guerra.
Mentalidade de guerra é enxergar o outro como inimigo, alguém a ser destruído, conquistado ou escravizado.
Os fungos, bactérias, protozoários, insetos e outros animais devem ser destruídos. A terra deve ser conquistada. As pessoas devem ser escravizadas. A natureza e tudo o que dela faz parte, incluindo os animais humanos, são inimigos a serem dominados.
E da mesma forma que só se convence um povo a entrar em guerra, utilizando estratégias muito eficientes de propaganda, o agronegócio só cresce através de muita propaganda.
Graças à grandes magos da publicidade, manipuladores do inconsciente, a agricultura ecológica, sustentável, familiar, milenar, criativa, saudável e produtiva, em poucos anos, deixou de ser convencional e passou a ser alternativa, ou retrógrada, primitiva, pobre, ineficiente... Enquanto que o novo câncer sócio-econômico-ambiental da agricultura de guerra se tornou o convencional.
Digo câncer, porque se somos a Natureza uma coisa só, mas pensamos que somos divididos, nos comportamos de maneira autodestrutiva. Como um câncer.
A Agroecologia é a ciência que nos aponta as raízes desse câncer.
Não sei quem foi o primeiro a juntar 'agro' com 'ecologia', nem sei se houve alguém que tenha escrito algum tratado oficial enumerando os princípios da Agroecologia.
Mas sei que a Agroecologia começou a florescer em mim, não através de estudos do pensamento de algum filósofo ou cientista do final do último século; mas sim, através da absorção, desde a minha primeira infância, das mensagens gritadas pela Natureza.
Vejo a Agroecologia como uma ciência comum a todos os homens e mulheres do planeta que procuram desenvolver a capacidade de sentir o que a Natureza diz. Sejam estes homens e mulheres, doutores ou analfabetos.
Escuto a Natureza me dizer "Quem pensa que a mim submete, mais e mais será a mim submetido."
Escuto a Natureza me dizer " A competição é uma atitude autodestrutiva."
Escuto a Natureza me dizer "A cooperação é a melhor qualidade adaptativa que um indivíduo pode ter."
Escuto a Natureza me dizer "Não há homens donos de terra; nem homens donos de outros homens; nem homens ou mulheres, maiores ou menores; nem homens donos de mulheres. Quem vive em mim nasceu para amar livremente e não para possuir."
Escuto a Natureza me dizer "Nos diversos ecossistemas há espaço para todos os seres dotados do dom do ciclo da vida-morte-e-vida. E se confiares em mim, nada te faltará."
Escuto a Natureza me dizer "Não és tu quem precisa de um movimento de humanos sem terra, sou eu quem faço o movimento da terra sem humanos. Tragam-me de volta o Homo sapiens ou Adão e Eva! Pois tu és uma espécie dispersora de sementes, e tu és uma espécie manifestadora da autoconsciência do Universo."
Nossa, como eu escrevo de forma exagerada! E quanto poder eu me rogo, ao ponto de até querer falar em nome da Natureza!
Sim, sim. Podem dizer. Eu sou mesmo uma menina muito radical. Assim como eu acho que a Agroecologia é radical por definição.
Pois ser radical não é ser desrespeitoso. Ser radical não é ser violento. Ser radical não é ser sectário.
E falando em sectário...
Numa das pausas que fiz durante a escrita desse texto, abri o meu mais recente livro adquirido, Pedagogia do Oprimido. E já nas Primeiras Palavras, Paulo Freire, como se em 1968 já se sentisse solidário ao meu conflito, me vem com essa:

"[...]
É que a sectarização é sempre castradora, pelo fanatismo de que se nutre. A radicalização, pelo contrário, é sempre criadora, pela criticidade que a alimenta.
Enquanto a sectarização é mítica, por isso alienante, a radicalização é crítica, por isso libertadora.
Libertadora porque, implicando o enraizamento que os homens fazem na opção que fizeram, os engaja cada vez mais no esforço de transformação da realidade concreta, objetiva.
[...]

O radical, comprometido com a libertação dos homens, não se deixa prender em "círculos de segurança", nos quais aprisione também a realidade. Tão mais radical quanto mais se inscreve nesta realidade para, conhecendo-a melhor, melhor poder transformá-la.
Não teme enfrentar, não teme ouvir, não teme o desvelamento do mundo. Não teme o encontro com o povo. Não teme o diálogo com ele, de que resulta o crescente saber de ambos. Não se sente dono do tempo, nem dono dos homens, nem libertador dos oprimidos. Com eles se compromete, dentro do tempo, para com eles lutar. Se a sectarização, como afirmamos, é o próprio do reacionário, a radicalização é o próprio do revolucionário."

Então, irmãs e irmãos, só posso concluir dizendo que radical pra mim é elogio.

Gratidão.

Lua Muliterno
Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (NERA) UEPB