segunda-feira, 6 de junho de 2016

RENDA media a oficina Metodologias Participativas: Sistematização de experiências durante encontro de agroecologia em Garanhuns PE

A oficina teve por objetivos debater o sentido da sistematização de experiências para os Núcleos de Agroecologia e Centros Vocacionais Tecnológicos e contou com a participação de vários núcleos: Embrapa Tabuleiros Costeiros – SE; NEVA – SE;  NEA IF São Cristovão - SE; NERA – PB; TRILHAS – BA; NAC – PE; NEPPAG Ayni – PE; NEADS – PE; NEPPAS – PE; AGROFAMILIAR – PE; TRAMAS/REEAJA – CE e NEEPA – CE.

A oficina aconteceu através da reflexão de trechos do livro "A construção de conhecimentos em economia solidária: sistematização de experiências no chão de trabalho e da vida no Nordeste" organização de Ana Dubeux, Alzira Medeiros, Mônica Vilaça e Shirley Santos, no qual trouxe conceitos iniciais e metodologia da sistematização. Uma das autoras do livro, Ana Dubeux, contribuiu com a oficina enfatizando tais conceitos e trazendo-os para a prática através de uma dinâmica em que os participantes foram divididos em 5 grupos. Cada grupo recebeu um envelope e dentro tinha um desafio a ser resolvido pelo grupo da melhor maneira possível. Após a montagem dos quebra-cabeças o grupo foi convidado a refletir sobre a prática a partir de questões problematizadoras como: Qual o sentimento ao fazer o quebra cabeça? Quando vocês sentiram que algo estava faltando como que vocês resolveram essa problemática? Acharam o desafio fácil ou difícil? Que relações vocês acham que podemos estabelecer com o que aconteceu aqui agora e um processo de sistematização de experiência? Pensando nas dificuldades, que analogia podemos fazer?
O Grupo refletiu que o processo de sistematização envolve cooperação, interpretação, desafio, troca, colaboração, equipe, animação, solidariedade, disposição, equilíbrio, diferentes olhares. 

Participantes montando quebra-cabeça durante a oficina.
Ana Dubeux enfatizou que no processo de sistematização a experiência é fundamental. Depois é necessário a elaboração de uma pergunta central para orientar a ação. A partir dessa pergunta, escolher o eixo da sistematização que é um guia estruturador no processo. Pois, cada experiência é de uma riqueza imensa e é preciso escolher por onde interessa mergulhar com a reflexão sobre a prática. Isso é uma decisão de quem viveu a experiência e sentiu as dores e os êxitos, entre outros, desse processo.

O produto é o resultado do processo de sistematização da experiência local construído a partir da definição de um eixo de sistematização e com uma determinada orientação preliminar que chamamos de um plano. O produto da sistematização pode ter vários formatos como: texto, cartilha, vídeo, história em quadrinhos, poema, entre outros. Esse processo tem 4 partes:

1. Situação inicial: descrever o problema ou oportunidade de desenvolvimento antes da ação dos sujeitos envolvidos na experiência, a partir dos diferentes olhares (perspectivas múltiplas) orientados por perguntas. Ex : O que existia antes? Como era a realidade? Aqui inserimos a memória e o passado descrito e registrado por quem viveu a experiência no que se refere ao momento anterior de existência da experiência.

2. Reconstrução do processo de realização da experiência (a partir dos diferentes olhares – perspectivas múltiplas): ex: perguntas orientadoras: Como aconteceu o processo? Quais relações podemos estabelecer entre o processo vivido e o contexto em que a experiência aconteceu? O que foi feito? Quando foi feito? Quem fez? Como fez? Com que meios e recursos?

3. Situação atual: na qual se descreve como o grupo que viveu a experiência está hoje, após sua vivência. Ex: perguntas orientadoras: em que medida a experiência mudou a vida das pessoas e da realidade em que aconteceu? O que é diferente depois dela? Como podemos comparar a situação atual com a inicial? Quais são os benefícios que se pode medir (concretos) ou que não se mede, mais
existem e são sentidos (simbólicos, espirituais, afetivos, etc.)? Quem se beneficia da experiência? A experiência se tornou mais conhecida por outras pessoas e outras localidades? Como foi isso? O que criou obstáculos para a experiência?

4. Principais aprendizados da experiência: as perguntas orientadoras podem ser: Que lições o grupo que viveu a experiência pôde tirar do processo? O que aprendeu? Que síntese estabelece a partir do
eixo de sistematização? Que aprendizados tirou do processo de sistematização (avaliação)?

A sistematização de experiências está vinculada ao processo de construção do conhecimento. Então não precisamos de sistematizadoras(es) especialistas para fazer asistematização. Nós precisamos de educadoras(es) problematizadoras(es) capazes de apoiar os grupos, entidades e empreendimentos em seus processos de reflexão sobre a prática. As(os) educadoras(es)problematizadoras(es) precisam estar no processo, independentemente de que façam parte ou não da experiência que está sendo sistematizada. Mas, precisam estar comprometidas(os) social e politicamente com a experiência.

O sentido de fazer sistematização de experiência é para que todos e todas sejamos capazes de mergulhar em nossas vivências, entender e refletir quanto ao porquê de usarmos esta técnica e não outra, por que usamos determinados instrumentos e ferramentas de trabalho, por que nos organizamos de tal forma, por que nossos sentimos e valores simbólicos são importantes e fazem parte de nossa educação. Ou seja, termos a clareza do que fazemos, de como fazemos e por que fazemos e não ficarmos apenas repetindo o que já ouvimos, reproduzindo o que nos disseram. Isso significa repensarmos o sentido e o valor do trabalho para cada um(a) e para o coletivo e a sociedade em que vivemos. Para o CFES-NE a sistematização da experiência não é para fazer propaganda dos êxitos e sucessos. Sistematizar experiências é também aprender com os erros e deles tirar lições que nos façam superar os desafios do dia a dia e de objetivos mais amplos de mudança na sociedade.

Durante a oficina tirou-se a data 17, 18 e 19 de agosto para realização do Seminário de Sistematização de Experiências do Nordeste a ser realizado pela ABA/RENDA em Recife.

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