quinta-feira, 30 de junho de 2016

VI SEMINÁRIO NEPPAS






Por: Marcelo Casimiro



No dia 30 de junho aconteceu o VI Seminário do NEPPAS (Núcleo de Estudos Pesquisas e Práticas Agroecológicas do Semiárido) no Município de Serra Talhada na Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que contou com a participação de um público total de 240 pessoas, incluindo na sua grande maioria, agricultores/agricultoras dos territórios do Estado de Pernambuco (Sertão do Pajeú, Agreste e Araripe).

Um ótimo café-da-manhã regional deu as boas vindas aos agricultores e agricultoras, estudantes, professores(as), técnicos e técnicas das organizações. Uma mística com os quatro elementos da natureza - água, terra, fogo e ar- abriu o evento e com muita poesia deu prosseguimento a uma breve fala dos representantes das organizações parceiras- UFRPE, Sabiá, Caatinga e uma agricultora representando a agricultura familiar. Em seguida, @s participantes foram distribuídos em 5 grupos para que participassem do "Carrossel de Experiências- SAF's como estratégia de enfretamento das mudanças climáticas e da desertificação"  onde @s agricultores(as) mostraram um pouco de seu trabalho e experiência com a agroecologia; as cinco experiências foram: Seu Adão, agricultor de Ouricuri; Dona Alaíde Martins, agricultora de Triunfo; Dona Joelma Pereira, Roberto Pereira e seu filho Hugo Felipe , Cumaru; Tone Cristiano, jovem agricultor de  Bom Jardim; e Vilmar Lermer e seu filho Pedro Lermer de Exu. Nesse espaço os outros agricultores faziam   intervenções com uma rodada de conversa com os palestrantes. A dinâmica consistia em formação de grupos onde ao fim de cada apresentação, passavam para a sala seguinte, com outra experiência... para que ao final do carrossel circulassem em todas.

Segundo Seu Francisco, conhecido como Chico Peba, agricultor de Serra Talhada, “foi a primeira vez que participei do Seminário, gostei muito, e acho muito importante esses momentos de troca e de conhecer outros trabalhos, isso fortalece nosso trabalho com a agroecologia. ”   
   
Poesia do início ao fim, versos e motes feitos sobre as apresentações pelos próprios participantes ao fim de cada apresentação das experiências, também era sinalizada o momento dos participantes irem para outra sala, para outra experiência com declamações de poesia. Poesias falando sobre a vida dos agricultores e das agricultoras, feminismo, a vida no semiárido e a Agroecologia.
            Na parte da tarde, iniciou com uma feira de troca de sementes crioulas e de saberes e em seguida houve a apresentação do resultado do projeto Terras de Vidas coordenado pelo Centro Sabiá (Centro de Desenvolvimento Agroecológico), o qual foi apresentado por Carlos Magno. Este projeto consistia na implantação de Sistemas Agroflorestais nas mesorregiões Agreste e Sertão.

Onde ao final desta, o agricultor Vilmar Lermer falou da importância das pesquisas e de cada projeto, e ainda “é importante que os resultados das pesquisas sejam repassados para as famílias que contribuíram, pois, muitas pesquisas são realizadas apenas para ganho de currículo, e geralmente ao final, não há retorno dos resultados para as famílias. ”

Em seguida aconteceu o lançamento de um livro, “Seca e convivência com o Semiárido”, de autoria de Caio Maciel e Emilio Tarlis Pontes.
Por fim, o encerramento do Seminário foi muito emocionante com Ave Maria Sertaneja sendo cantada por todos e todas.


Texto: NEPPAS












        

segunda-feira, 20 de junho de 2016

APRESENTANDO A REDE SERGIPANA DE AGROECOLOGIA


A RESEA


 Por Emanuele Suzart
Integrante Renda/ Resea
Núcleos da Embrapa Tabuleiros Costeiros/ Neva

A RESEA - Rede Sergipana de Agroecologia é uma rede de instituições e organizações da sociedade civil de caráter político e apartidário vinculada a ANA- Articulação Nacional de Agroecologia, com a finalidade de fomentar espaços de articulação, reflexão, sistematização das práticas agroecológicas no estado e proposições de políticas públicas. A RESEA surgiu em 2006 com o objetivo de se integrar e fortalecer a Articulação Nacional de Agroecologia- ANA, a qual teve sua criação em dezembro de 2002 após o primeiro ENA- Encontro Nacional de Agroecologia.

A formação da rede começou a partir do I Encontro Estadual de Agroecologia em Sergipe, a partir do acúmulo que as entidades e organizações participantes tem sobre a agroecologia no estado.
No I EEA de Sergipe foi discutida a agroecologia a nível estadual e nacional elencando temas mobilizadores, além da definição dos representantes do estado no II ENA- Encontro Nacional de Agroecologia. Após esses eventos, as entidades, organizações e movimentos sociais se reuniram para avaliar os eventos citados acima e elaboraram estratégias de fortalecimento e consolidação da RESEA no estado.

A RESEA tem como objetivos: estimular o protagonismo do campesinato sergipano; fomentar um espaço de troca de saberes agroecológicos; dar visibilidade aos povos tradicionais do estado; intensificar e fortalecer o debate agroecológico; elencar os desafios do campesinato no estado; fomentar um espaço para discussão e proposição de soluções aos desafios do campesinato; estimular o debate de gênero e de juventude no campo; traçar um panorama dos territórios da cidadania do estado; e fortalecer a Rede Sergipana de Agroecologia-RESEA. 

Plenária da RESEA em Maio de 2016.

Atualmente, a estrutura organizativa da RESEA é composta por espaços de plenárias, núcleo operativo de grupos de trabalhos temáticos. As plenárias da RESEA são espaços de discussões amplas com todas as organizações participantes, afim de discutir os desafios da agroecologia no estado,  planejar ações em conjunto com as organizações e construir agendas. O núcleo operativo tem a função de realizar o papel de comunicação e animação da Rede; assim como acompanhar as ações planejadas e o andamento dos GT’s. O Núcleo Operativo é composto por: uma pessoa de cada organização (ASA; Núcleo da Embrapa; Fetase; MST/Cfac; MPA; MCP; NEDET; NEVA), a secretaria operativa e uma pessoa do GT Comunicação. Já os GT’s são estruturas que funcionam a partir da fluidez das pautas e engajamento dos responsáveis.

Desde 2015, foram constituídos os seguintes GT’s: Agrobiodiversidade; Construção do Conhecimento Agroecológico, Mulheres, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, Mercado e Segurança Alimentar. Em 2016, foi definido a constituição de um GT de Comunicação para fortalecer as ações de comunicação interna e externa.
As organizações que constroem a RESEA são: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento Camponês Popular, Centro de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro, Instituto Tecnológico de Sergipe, Núcleo de Estudos e Vivências Agroecológicas, Sociedade de Apoio Socio-Ambientalista e Cultural, Centro Dom José Brandão de Castro, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Sergipe, Cantinho da Roça- Produção Agroecológica, Camponês a Camponês, Instituto PANGEA, Empresa brasileira de pesquisa agropecuária, Articulação Semiárido Brasileiro e Rede de Núcleos de Agroecologia.
Organizações parceiras da RESEA são Articulação Nacional de Agroecologia e Associação Brasileira de Agroecologia.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

RENDA media a oficina Metodologias Participativas: Sistematização de experiências durante encontro de agroecologia em Garanhuns PE

A oficina teve por objetivos debater o sentido da sistematização de experiências para os Núcleos de Agroecologia e Centros Vocacionais Tecnológicos e contou com a participação de vários núcleos: Embrapa Tabuleiros Costeiros – SE; NEVA – SE;  NEA IF São Cristovão - SE; NERA – PB; TRILHAS – BA; NAC – PE; NEPPAG Ayni – PE; NEADS – PE; NEPPAS – PE; AGROFAMILIAR – PE; TRAMAS/REEAJA – CE e NEEPA – CE.

A oficina aconteceu através da reflexão de trechos do livro "A construção de conhecimentos em economia solidária: sistematização de experiências no chão de trabalho e da vida no Nordeste" organização de Ana Dubeux, Alzira Medeiros, Mônica Vilaça e Shirley Santos, no qual trouxe conceitos iniciais e metodologia da sistematização. Uma das autoras do livro, Ana Dubeux, contribuiu com a oficina enfatizando tais conceitos e trazendo-os para a prática através de uma dinâmica em que os participantes foram divididos em 5 grupos. Cada grupo recebeu um envelope e dentro tinha um desafio a ser resolvido pelo grupo da melhor maneira possível. Após a montagem dos quebra-cabeças o grupo foi convidado a refletir sobre a prática a partir de questões problematizadoras como: Qual o sentimento ao fazer o quebra cabeça? Quando vocês sentiram que algo estava faltando como que vocês resolveram essa problemática? Acharam o desafio fácil ou difícil? Que relações vocês acham que podemos estabelecer com o que aconteceu aqui agora e um processo de sistematização de experiência? Pensando nas dificuldades, que analogia podemos fazer?
O Grupo refletiu que o processo de sistematização envolve cooperação, interpretação, desafio, troca, colaboração, equipe, animação, solidariedade, disposição, equilíbrio, diferentes olhares. 

Participantes montando quebra-cabeça durante a oficina.
Ana Dubeux enfatizou que no processo de sistematização a experiência é fundamental. Depois é necessário a elaboração de uma pergunta central para orientar a ação. A partir dessa pergunta, escolher o eixo da sistematização que é um guia estruturador no processo. Pois, cada experiência é de uma riqueza imensa e é preciso escolher por onde interessa mergulhar com a reflexão sobre a prática. Isso é uma decisão de quem viveu a experiência e sentiu as dores e os êxitos, entre outros, desse processo.

O produto é o resultado do processo de sistematização da experiência local construído a partir da definição de um eixo de sistematização e com uma determinada orientação preliminar que chamamos de um plano. O produto da sistematização pode ter vários formatos como: texto, cartilha, vídeo, história em quadrinhos, poema, entre outros. Esse processo tem 4 partes:

1. Situação inicial: descrever o problema ou oportunidade de desenvolvimento antes da ação dos sujeitos envolvidos na experiência, a partir dos diferentes olhares (perspectivas múltiplas) orientados por perguntas. Ex : O que existia antes? Como era a realidade? Aqui inserimos a memória e o passado descrito e registrado por quem viveu a experiência no que se refere ao momento anterior de existência da experiência.

2. Reconstrução do processo de realização da experiência (a partir dos diferentes olhares – perspectivas múltiplas): ex: perguntas orientadoras: Como aconteceu o processo? Quais relações podemos estabelecer entre o processo vivido e o contexto em que a experiência aconteceu? O que foi feito? Quando foi feito? Quem fez? Como fez? Com que meios e recursos?

3. Situação atual: na qual se descreve como o grupo que viveu a experiência está hoje, após sua vivência. Ex: perguntas orientadoras: em que medida a experiência mudou a vida das pessoas e da realidade em que aconteceu? O que é diferente depois dela? Como podemos comparar a situação atual com a inicial? Quais são os benefícios que se pode medir (concretos) ou que não se mede, mais
existem e são sentidos (simbólicos, espirituais, afetivos, etc.)? Quem se beneficia da experiência? A experiência se tornou mais conhecida por outras pessoas e outras localidades? Como foi isso? O que criou obstáculos para a experiência?

4. Principais aprendizados da experiência: as perguntas orientadoras podem ser: Que lições o grupo que viveu a experiência pôde tirar do processo? O que aprendeu? Que síntese estabelece a partir do
eixo de sistematização? Que aprendizados tirou do processo de sistematização (avaliação)?

A sistematização de experiências está vinculada ao processo de construção do conhecimento. Então não precisamos de sistematizadoras(es) especialistas para fazer asistematização. Nós precisamos de educadoras(es) problematizadoras(es) capazes de apoiar os grupos, entidades e empreendimentos em seus processos de reflexão sobre a prática. As(os) educadoras(es)problematizadoras(es) precisam estar no processo, independentemente de que façam parte ou não da experiência que está sendo sistematizada. Mas, precisam estar comprometidas(os) social e politicamente com a experiência.

O sentido de fazer sistematização de experiência é para que todos e todas sejamos capazes de mergulhar em nossas vivências, entender e refletir quanto ao porquê de usarmos esta técnica e não outra, por que usamos determinados instrumentos e ferramentas de trabalho, por que nos organizamos de tal forma, por que nossos sentimos e valores simbólicos são importantes e fazem parte de nossa educação. Ou seja, termos a clareza do que fazemos, de como fazemos e por que fazemos e não ficarmos apenas repetindo o que já ouvimos, reproduzindo o que nos disseram. Isso significa repensarmos o sentido e o valor do trabalho para cada um(a) e para o coletivo e a sociedade em que vivemos. Para o CFES-NE a sistematização da experiência não é para fazer propaganda dos êxitos e sucessos. Sistematizar experiências é também aprender com os erros e deles tirar lições que nos façam superar os desafios do dia a dia e de objetivos mais amplos de mudança na sociedade.

Durante a oficina tirou-se a data 17, 18 e 19 de agosto para realização do Seminário de Sistematização de Experiências do Nordeste a ser realizado pela ABA/RENDA em Recife.